“O que não é bom para a mãe não será bom para o filho.” – Vera Iaconelli
A princípio, quando uma criança chega em uma família, sua presença trás consigo muitos anseios, desafios, alegrias e preocupações. Enfim, um misto de emoções e sentimentos – agradáveis e desagradáveis. No entanto, a romantização, construída socialmente, em torno da maternidade e da paternidade, ocultam o sofrimento também presente nessa experiência. Por essa razão, o presente texto tem por objetivo apresentar o baby blues, uma das eventuais demandas do período puerperal.
Baby blues: o que é isso?
Antes de tudo, é imprescindível esclarecer que o baby blues puerperal é um dos acontecimentos mais comuns entre os cuidadores de recém nascidos. Em média, 80% das mulheres que dão à luz, vão passar por essa disforia, que também é conhecida por “tristeza pós-parto” ou “disforia puerperal”. Mas afinal o que o puerpério?
O baby blues acomete mulheres no período pós-parto e descreve um curto período de emoções voláteis, que comumente ocorre entre o segundo e o quinto dia após o parto, tendo geralmente remissão espontânea (O’Hara et. at. Schmidt).
Esse evento, quando não acompanhado devidamente pode preceder a DPP (depressão pós parto), considerada uma psicose puerperal que pode gerar fortes consequências na saúde metal do cuidador.
Desejo de ter filhos
O desejo de ter filhos é um investimento de energia em algo desconhecido. Em virtude disso, se constrói uma série de expectativas em torno da criança que chega; entretanto, essas expectativas dificilmente são alcançadas. Da mesma forma, a relação cuidador bebê pode ser perpassada por um misto de sentimentos e pensamentos negativos dos pais em torno da criança que, geralmente, são censurados e reprimidos. Sua origem está, principalmente, nas preocupações e fadigas que atravessam essa experiência.
Diante do exposto, é inevitável que a chegada de uma criança recém nascida em uma família não cause mudanças na rotina, desconforto e oscilações emocionais, pois esse público tem necessidade de muito cuidado e atenção. Mas, seria possível evitar a ocorrência ou ao menos diminuir a intensidade do Blues puerperal?
Redes de apoio são o melhor cuidado
A resposta é sim. Primeiramente, é necessário a compreensão conceitual do baby blues, tanto por profissionais de saúde e educação, quanto pela população em geral. Ou seja, acesso a essas informações podem ser de fundamental importância para identificação de sinais e sintomas provocados por esse período. Bem como o possível incentivo para a busca de ajuda, profissional e familiar, uma vez que essa cuidadora(o) precisa ser assegurada por redes de apoio.
Dessa forma, medidas como essas pode evitar o progresso para a depressão pós-parto e contribuir para o fortalecimento do vínculo cuidador/bebê e destes com seu grupo familiar.
Por fim, quando uma criança chega ao mundo, ela não é responsabilidade somente da mãe, como a maioria das culturas sustentam. Contudo, o ato de cuidar de crianças deve está para além da figura materna; deve está atrelada ao grupo familiar, social, cultural e religioso (se for ocaso) no qual essa criança será inserida. Portanto, se tal conceito for construído, com ele também será evidente a diminuição da intensidade do sofrimento parental.
REFERÊNCIAS
SCHMIDT, Eluisa B. ;PICCOLOTO, Neri M. ;MÜLER, Marisa C. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psico-USF, v. 10, n. 1, p. 61-68, jan./jun. 2005.
ANDRADE, Raquel Dully; SANTOS, Jaqueline S.; MAIA, Maria A. C., MELLO, Débora F.. Fatores relacionados à saúde da mulher no puerpério e repercussões na saúde da criança. Universidade Estadual de Minas Gerais. Passos – MG, Brasil, 2014.
LEITÃO, Marília A. C. ; CALADO, Maria Eduarda C. ; GONÇALVES, Marcos R. Fatores de risco para blues puerperal: uma revisão integrativa. 2019. Disponível em: Link